O Ministério da Saúde aborda temas que vão desde a situação epidemiológica da doença no Brasil e oferece informações que podem subsidiar o processo de tomada de decisão durante emergências de saúde pública.
O material foi elaborado por 33 especialistas que atuam em 21 instituições de dez unidades federativas, bem como de instituições de outros países. A edição especial apresenta múltiplas estratégias, temáticas e relatos de experiências resultantes do processo de enfrentamento à pandemia no âmbito da vigilância em saúde e representa a parte II do livro Saúde Brasil 2020/2021: Uma Análise da Situação de Saúde e da Qualidade de Informação.
A coordenação e execução do projeto foi do Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis, da Secretaria de Vigilância em Saúde.
Conteúdo
Com 18 capítulos divididos em 385 páginas, a obra aborda temas no contexto da Covid-19 no Brasil desde a situação epidemiológica da doença no Brasil até a visão geral da saúde única, transpassando por temas mais específicos como comorbidades e fatores ligados à mortalidade; doenças crônicas; doenças transmissíveis; envelhecimento e idosos; investigação epidemiológica e distanciamento social; complexo penitenciário; assim como a contribuição do EpiSUS-Avançado para o enfrentamento da doença e a aplicação de tecnologias com uso em potencial da epidemiologia baseada em esgoto.
As análises apresentadas na publicação se baseiam em dados produzidos pelos sistemas de informação do Ministério da Saúde de fevereiro a julho de 2020. Os resultados mostrados ao longo dos capítulos fornecem elementos para documentar e fortalecer os processos e as estratégias envolvidos na vigilância epidemiológica, tanto de Covid-19 quanto de outras doenças e agravos à saúde que foram afetados, direta ou indiretamente, pela pandemia.
A obra aponta para os desafios em curso para a saúde pública brasileira, explicitando a necessidade de ações articuladas intra e intersetorialmente para o enfrentamento da doença, considerando o caráter tripartite da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS).
Estudo apresenta dados sobre os impactos da Covid-19
O Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (Elsa-Brasil) lançou a série Cenários da Covid-19. São três infográficos com os resultados preliminares da pesquisa que avalia o impacto da pandemia da Covid-19 sobre a saúde dos participantes. A pesquisa ouviu mais de 5 mil pessoas, distribuídas em cinco centros de investigação do Elsa. Entre os participantes estão servidores da Fiocruz.
A pesquisa permitirá avaliar os efeitos do distanciamento social na redução da morbimortalidade específica da Covid-19 e seus efeitos no agravamento de fatores de risco e manejo de doenças crônicas. “Vamos estudar o impacto da Covid-19 e das medidas de controle, para subsidiar o debate sobre o controle da doença, informando os prós e contras, visando aprimorar o manejo das DCNT e seus fatores de risco, bem com a preservação da saúde mental da população nesta e em futuras epidemias”, explicou a coordenadora do Elsa na Fiocruz, Rosane Griep.
Impactos da pandemia: mulheres relatam sintomas de depressão, ansiedade e estresse
Nos três infográficos o perfil predominante dos respondentes foi de mulheres, pessoas com mais de 55 anos, e pessoas casadas ou vivendo em união estável. O primeiro infográfico alerta sobre como a pandemia repercutiu significativamente na saúde mental dos servidores, sobretudo das mulheres. Durante o distanciamento social, 24% delas apresentaram sintomas de depressão, 20% enfrentaram ansiedade e 17% alegaram estresse.
“Os estudos reconhecem a maior vulnerabilidade feminina em relação aos desfechos de saúde mental. No entanto, as pesquisam apontam níveis de sofrimento aumentados durante a pandemia, sobretudo pelo medo de adoecimento, angústia de permanecer em casa, e evitando o contado com outras pessoas, sejam elas familiares ou amigos. Além disso, muitas pessoas sofreram perdas ou vivenciaram situações de agravamento e internações próprias, de familiares ou pessoas queridas”, citou Rosane.
Consumo de álcool e qualidade do sono
O aumento do consumo de álcool e a má qualidade do sono foram revelados no segundo infográfico da série. O consumo diário de bebidas alcoólicas (vinho, cerveja e destilados) subiu significativamente durante o distanciamento social. Em relação à qualidade do sono, aproximadamente 30% das mulheres entrevistadas reportaram dificuldades para dormir nas últimas 30 noites.
A também coordenadora do Elsa- Brasil, Maria Fonseca, lembrou que pesquisas têm evidenciado aumento no consumo de álcool e piora da qualidade do sono, e esse crescimento pode estar associado a diversos fatores. Segundo ela, a pandemia tem gerado muitas situações de estresse, apontadas como fator desencadeante para esse aumento e também para o surgimento de sintomas como a insônia, que podem surgir ou piorar em um cenário como esse.
“A insônia também pode ser um fator de estimulo para o aumento da ingestão de álcool. Os problemas de sono atingem os sexos de maneira diferente, no entanto, a maior frequência em mulheres pode não ser apenas uma questão biológica, mas também emocional. Com a pandemia, as mulheres acumularam funções, o que pode gerar sobrecarga e motivar a piora na qualidade do sono”, detalhou ela.
Trabalho em casa e tarefas domésticas: maioria das mulheres aponta sobrecarga de trabalho na pandemia
O terceiro infográfico da série “Cenários da Covid-19” mostra como realizar as tarefas de trabalho em casa afeta de maneira diferente mulheres e homens. As mulheres realizaram – em média – quatro horas a mais de trabalho doméstico do que os homens. A pesquisa revelou também, que 48% dos participantes considerou que as atividades profissionais dentro de casa foram maiores que o de costume.
Para a coordenação da pesquisa, as medidas de distanciamento social resultaram em uma situação completamente inusitada, com impactos sobre a organização do trabalho e a vida dos trabalhadores. Para parte dos trabalhadores do Elsa, por exemplo, trabalhar em casa foi necessário e obrigatório.
“Sem preparo prévio, se passou a lidar com o cuidado da casa e dos filhos no mesmo espaço das atividades do trabalho, com limites confusos de tempo e espaço entre as atribuições. Essa nova configuração gerou alta carga de estresse, sobretudo entre as mulheres. Mesmo que os homens tenham participado mais das tarefas domésticas, a sobrecarga das tarefas domésticas e cuidados com a família ainda recaem sobre as mulheres, lamentou Rosane.
Segundo ela, a desigualdade de gênero implica que mulheres tenham a maior responsabilidade sobre o trabalho doméstico e das atividades não-remuneradas, produzindo acúmulo com as atividades profissionais e sobrecarga maior comparadas aos homens. “As mulheres podem estar mais expostas a elevadas cargas físicas e mentais de trabalho, gerando estresse crônico e comportamentos de saúde menos saudáveis”, advertiu.
Quarta Onda do Elsa-Brasil
A Quarta Onda do Elsa-Brasil, planejada para 2022, prevê a atualização das informações sobre a saúde dos participantes e pretende estudar a relação entre a pandemia e as doenças crônicas não transmissíveis, particularmente as doenças cardiovasculares, o diabetes e os transtornos mentais.
Links úteis:
https://saude.sp.gov.br/
https://www.cetrus.com.br/cursos/ultrassonografia-em-ginecologia-e-obstetricia/
https://www.ipemed.com.br
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Até a próxima publicação.