Ouvir frases como: “O que eu tenho a ver com isso?”, “Não é problema meu!”, “Cuida que o filho é teu!”, “Não me envolvo com isso!” e outras mais agressivas, são mais comuns que podemos imaginar, mas até onde isto é salutar ou prejudicial para o cidadão no convívio em sociedade.
Estamos num paradoxo entre o desejo de ser diferente e a massificação do ser “igual”, seguindo um modismo cruel e muitas vezes, que se preocupa somente com a questão financeira, colocando os indivíduos numa condição do ridículo por conta da “Moda”. Vivemos o mundo da influência existencialista e consumista, onde a maioria dos programas de televisão e telenovelas, defendem a afirmação da pessoa contra o tradicional de uma suposta maioria, porém, isso acaba criando o inverso e o que acontece verdadeiramente, é uma pisada no próprio pé, pois aparecem as “regrinhas”, “modinhas”, “gírias”, levando alguns ao isolamento e ao individualismo para se diferenciar daquela “Onda” muitas vezes indesejada, que nem sempre é adequada para o seu modo de viver. Cria-se então uma vontade e uma consciência de ser diferente, e assim nasce uma estrutura econômica de consumo, que fortalece no indivíduo a ânsia por produtos personalizados, a pessoa é cada vez mais vista como um indivíduo isolado e por ela mesmo se coloca em “Bolhas Sociais”. Essa ênfase na liberdade individual corrobora a construção do “Eu me amo e vivo meu eu” ou “Minha vida, minhas regras!” Portanto, o sujeito perde a visão de interdependência social e crê-se inatingível. O perigo do individualismo está nessa construção da ilusão de independência, gerando o egoísmo e a insensibilidade muitas vezes, tornando-se pessoas isoladas, pessoas amargas para os padrões desejáveis ou mesmo por um exagero, um Ermitão( aquele que evita o contato social; que tende a viver sozinho e/ou buscar a solidão).
Dumont enfatiza que “Com o predomínio do individualismo contra o holismo, o social, nesse sentido, foi substituído pelo jurídico, pelo político e, mais tarde, pelo econômico”. A questão do valor econômico, papel decisivo no sistema capitalista, nos remete às mudanças que o indivíduo sofre nos grupos sociais, nos quais o objeto de poder é “quanto eu ganho”. E, quando o indivíduo não consegue adaptar-se às mudanças decorrentes desse processo de individualização, as consequências de uma “derrota” ou “vitória”, nos padrões individualistas, são bem complexas.
A inclusão dos padrões impostos pelo individualismo contribui para a aquisição de doenças psíquicas: as crises de identidade, os transtornos obsessivos compulsivos, a síndrome do pânico, a ansiedade e principalmente a Depressão, considerada a doença do século por muitos estudiosos, são exemplos de doenças causadas pelo afastamento e isolamento pelo individualismo. Sabemos que o próprio homem não aceita o afastamento do seu eu-coletivo, pois, sozinho, não conseguiria sobreviver; entretanto, é necessário se interligar de tal modo que não perca a sua característica própria.
O Portal Soluções Sociais entende que, as respostas para a maioria dos problemas estão nas bases dos planejamentos e em relação as questões do “Individualismo exagerado” ou da “Coletividade desenfreada!”, apostamos que a Educação serve para balancear este problema social, que tanto atinge as pessoas hoje em dia. Trabalhos pedagógicos contribuem desde o início para que as crianças aprendam a lidar com esse envolvimento social; a família, a igreja e a escola existem para trabalhar o ensino, a cultura, mas principalmente a educação delas. Os pais são os primeiros “outros” na vida das crianças e não estão lá para atendê-las, mas para educá-las. Com esse ponto de partida, grande parte do caminho já está garantido. A escola tem um papel fundamental tanto no ensino como no convívio social que elas precisam; as religiões ensinam o compartilhamento, a bondade social, a caridade e outras participações coletivas no quesito “nós”, que serve também para essa formação. Acreditamos que todas essas unidas, prepararão inicialmente para essa balança, onde equilibrará o “individualismo” natural e criativo, com o “coletivo” sempre necessário para o convívio em Sociedade.
Major Ricardo Silva.